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quinta-feira, 20 de abril de 2017

terça-feira, 18 de abril de 2017

Marrocos 2016 – I

 Outubro de 2016 e o regresso a Marrocos. Por muita vezes que cá se venha é sempre diferente e é sempre uma grande diferença social, cultural e religiosa em relação ao nosso cantinho à beira mar plantado.

A descrição que ouvi na série “Destino Dakar” do explorador espanhol Ali Bey, de 1803 ainda hoje é válida se comparada com o sul de Marrocos:

"La sensación que experimenta el hombre que por primera vez hace esta corta travesía no puede compararse sino al efecto de un sueño. Al pasar en tan breve espacio de un tiempo
a un mundo absolutamente nuevo y sin la más remota semejanza con el que acaba de dejar,
se haya realmente transportado a otro planeta".

Ali Bey (1803)

A nossa viagem transportou-nos realmente a outro planeta, onde os mapas do gps não estão carregados, e que vais enfrentar cidades como Fez (1,2 milhões de habitantes) ou Casablanca (5,5 milhoes de habitantes)…. Tão bom!! Ainda bem que o pessoal old school leva sempre o bom e velho mapa em papel, embora aqui só dê para as estradas.

Chegada a Tetuan e pergunta aqui, pergunta ali e um simpático marroquino parado nos semáforos lá nos levou até ao hotel na sua velhinha Yamaha DT AC, e ganhou uma merecida “propine”. O hotel já estava reservado e por sinal era muito bom, mas o problema maior que encontras depois de fazer 500 km é: não há água nesta parte da cidade!!! De resto tudo ok.

2º dia de viagem e o destino era Fez, com passagem por Chefchauen. Sem grandes enganos e com a ajuda do mapa lá chegámos ao destino. Pelo caminho ainda encontrámos mais um prestável marroquino que nos deu o telefone e se ofereceu como guia em Fez por um preço que acordámos e que me pareceu justo.

Chegados a Fez lá demos com o hotel, que tinha água para um bom banho e vamos lá conhecer a labiríntica medina de fez. Liguei ao guia, que afinal não podia, mas enviou um amigo, o Adel, que foi impecável e nos levou aos curtumes, aos teares, à farmácia berbere, ao restaurante, de novo ao hotel… serviço 5 estrelas.

No 3º dia o objetivo era chegar a Errachidia, com passagem pelo alto Atlas, Ifrane, cedro Goulard, e inicio do vale do Ziz. O almoço desse dia foi épico, numa aldeia no meio de nenhures, tive a sensação de ter recuado uns 50 anos no tempo, talvez também tenha sido essa a sensação de Ali Bey em 1803.

Ainda apanhámos alguma chuva antes de chegar ao vale do Ziz, mas uma paragem estratégica numa bomba de gasolina livrou-nos de pior, foi passageira.

O alojamento em Errachidia foi razoável, mas não para 4 estrelas como estava classificado há 30 anos quando foi construído, porque desde aí a manutenção tem sido pouca. Valeu a simpatia dos funcionários e o jantar que também foi bom. Tajine Kefta, gosto!

Continua…