A
descrição que ouvi na série “Destino Dakar” do explorador espanhol Ali Bey,
de 1803 ainda hoje é válida se comparada com o sul de Marrocos:
"La
sensación que experimenta el hombre que por primera vez hace esta corta
travesía no puede compararse sino al efecto de un sueño. Al pasar en tan breve
espacio de un tiempo
a un
mundo absolutamente nuevo y sin la más remota semejanza con el que acaba de
dejar,
se haya
realmente transportado a otro planeta".
Ali Bey
(1803)
A nossa
viagem transportou-nos realmente a outro planeta, onde os mapas do gps não
estão carregados, e que vais enfrentar cidades como Fez (1,2 milhões de
habitantes) ou Casablanca (5,5 milhoes de habitantes)…. Tão bom!! Ainda bem que
o pessoal old school leva sempre o bom e velho mapa em papel, embora aqui só dê
para as estradas.
Chegada a
Tetuan e pergunta aqui, pergunta ali e um simpático marroquino parado nos
semáforos lá nos levou até ao hotel na sua velhinha Yamaha DT AC, e ganhou uma
merecida “propine”. O hotel já estava reservado e por sinal era muito bom, mas
o problema maior que encontras depois de fazer 500 km é: não há água nesta
parte da cidade!!! De resto tudo ok.
2º dia de
viagem e o destino era Fez, com passagem por Chefchauen. Sem grandes enganos e
com a ajuda do mapa lá chegámos ao destino. Pelo caminho ainda encontrámos mais
um prestável marroquino que nos deu o telefone e se ofereceu como guia em Fez
por um preço que acordámos e que me pareceu justo.
Chegados
a Fez lá demos com o hotel, que tinha água para um bom banho e vamos lá
conhecer a labiríntica medina de fez. Liguei ao guia, que afinal não podia, mas
enviou um amigo, o Adel, que foi impecável e nos levou aos curtumes, aos
teares, à farmácia berbere, ao restaurante, de novo ao hotel… serviço 5
estrelas.
No 3º dia
o objetivo era chegar a Errachidia, com passagem pelo alto Atlas, Ifrane, cedro
Goulard, e inicio do vale do Ziz. O almoço desse dia foi épico, numa aldeia no
meio de nenhures, tive a sensação de ter recuado uns 50 anos no tempo, talvez
também tenha sido essa a sensação de Ali Bey em 1803.
Ainda
apanhámos alguma chuva antes de chegar ao vale do Ziz, mas uma paragem
estratégica numa bomba de gasolina livrou-nos de pior, foi passageira.
O
alojamento em Errachidia foi razoável, mas não para 4 estrelas como estava
classificado há 30 anos quando foi construído, porque desde aí a manutenção tem
sido pouca. Valeu a simpatia dos funcionários e o jantar que também foi bom.
Tajine Kefta, gosto!
Continua…
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